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Bobsled: história e curiosidades do esporte olímpico de inverno

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No século XIX, era comum a utilização de trenós como forma de locomoção em países frios e regiões cobertas por neve. E assim como os automóveis foram de simples meios de transporte a protagonistas de esportes como a Fórmula 1, o mesmo ocorreu com os trenós. Em 1870, Caspar Badrutt construiu a primeira pista especializada em corridas de trenós em seu hotel na Suíça. Curiosamente, essa pista, que marcou a história do bobsled, está em funcionamento ainda hoje, e é uma das poucas no mundo que não recorre ao gelo artificial.

A princípio, os corredores utilizavam trenós de madeira conhecidos como skeletons para correr. No entanto, a fim de proteger os participantes é que surgiu o trenó de aço – que ganhou o nome de bobsled devido ao movimento que as pessoas balançavam para frente e para trás no início da corrida a fim de ganhar velocidade. Ainda no século XIX, as primeiras competições foram realizadas e, em 1923, surgiu a Federação Internacional de Bobsled e Skeleton (IBSF, na sigla em inglês). 

A história do Bobsled olímpico

No ano seguinte à criação da IBSF, ocorreram os primeiros Jogos Olímpicos de Inverno, na cidade de Chamonix, na França. E, já nesta edição, foi realizada a primeira competição olímpica de bobsled. Desde então, a disciplina esteve presente em basicamente todas as edições dos jogos de inverno, exceto em 1960 na edição de Squaw Valley.

Na época, as equipes eram formadas apenas por homens que competiam em times com quatro integrantes cada. Foi em 1932, nos Jogos de Lake Placid, que a categoria de duplas masculina – que permanece hoje – foi implementada. 

As mulheres, por outro lado, passaram a competir nas Olimpíadas somente a partir de 2002, também no formato de duplas. No entanto, as equipes da categoria trenó de quatro atletas pode ser mista. Nos Jogos de Pequim, em 2022, o monobob feminino – trenó com apenas um lugar – estreou oficialmente.

A modalidade consiste basicamente na descida de um percurso com os atletas em um trenó de aço. Antes, porém, eles fazem uma corrida de cerca de 50 metros empurrando o trenó para, em seguida, se acomodarem dentro do veículo. Os competidores utilizam cordas para controlar o bob, e o de trás pode utilizar os freios durante a descida caso seja necessário. Cada equipe ou competidor desce a pista de duas a quatro vezes e vence aquele que registra o menor tempo total. 

O Bobsled chega ao Brasil

No Brasil, a Associação Brasileira de Bobsled, Skeleton e Luge (ABBSL), precursora da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) surgiu em 1996. Em seguida, as primeiras equipes em dupla e quarteto masculina foram criadas. Na temporada 1996/97, o país começou a participar de competições oficiais e, em 1998, chegou a alcançar o índice olímpico. No entanto, questões burocráticas deixaram o país de fora dos Jogos Olímpicos de Nagano, no Japão.

A primeira medalha da história do bobsled brasileiro veio no ano 2000: um bronze no 4-man em uma etapa da Copa América. Já o primeiro ouro veio dois anos depois, com a vitória feminina na etapa de Calgary da Copa América. Assim, a primeira participação olímpica do Brasil no Bobsled foi nos Jogos Olímpicos de Salt Lake City, também em 2022, quando o país terminou em 27º lugar no 4-man. Os jogos de 2006 em Turim, de 2014 em Sochi, de 2018 em PyeongChang e de 2022 em Pequim também contaram com equipes brasileiras disputando a modalidade.

Hoje, o Brasil conta com mais de 30 medalhas conquistadas em diferentes competições internacionais de bobsled, incluindo duas medalhas de bronze no Mundial de Push de Bobsled em 2016.

O “básico” do bobsled

O trenó utilizado no bobsled é de metal e totalmente aerodinâmico. Na modalidade quarteto, ele não pode ter um comprimento maior do que 3,8m, enquanto nas duplas o limite é de 2,7m. O peso máximo é de 630kg no 4-man, 390kg nas duplas masculinas e 340kg nas duplas femininas (incluindo os pilotos). A regra que limita o peso dos competidores foi estabelecida em 1952 a fim de acabar com os atletas super-pesados e dar um contexto mais atlético ao esporte. Cada trenó conta, ainda, com quatro lâminas utilizadas para deslizar na pista de gelo.

As pistas, por outro lado, são feitas em concreto e contam com um sistema de refrigeração que as mantém sempre com uma camada de gelo. Apenas a primeira pista, construída na Suíça, não depende do sistema de refrigeração, utilizando gelo natural para receber as competições da Copa do Mundo e Copa Europa. O trajeto deve ter entre 1200 e 1300 metros e, no mínimo, 15 curvas.

Os competidores, por sua vez, utilizam capacetes feitos do mesmo material daqueles utilizados em corridas de automobilismo. Além disso, eles usam sapatilhas equipadas com 500 microagulhas na sola, que tem por finalidade dar tração aos atletas no momento da corrida no gelo empurrando o trenó.

A história do bobsled vai ao cinema

Antes restrito basicamente aos países de clima frio, o esporte ficou mundialmente famoso com o lançamento do filme Jamaica Abaixo de Zero (Cool Runnings, no título original em inglês). A produção de 1993 inspira-se na história real de quando a seleção de bobsled da Jamaica conseguiu a classificação – que parecia impossível – para participar dos Jogos Olímpicos de Inverno de Calgary, no Canadá, em 1988.

De lá para cá, o país esteve presente em seis edições do torneio, mas nunca foi muito longe na competição. A última participação da Jamaica foi nos Jogos de Pequim, em 2022, quando o país competiu nas categorias 2-man e 4-man, ou seja, duplas e quartetos masculino. O filme, por outro lado, permanece no imaginário de muitos millennials nascidos entre os anos 1980 e 1990…