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Veja quem foi Daiane dos Santos e a sua importância na ginástica do Brasil

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Conhecer um pouco da biografia de Daiane dos Santos, desde o início de sua trajetória até a sua aposentadoria, é algo que vale bastante a pena. Para aqueles que curtem acompanhar ginástica, sabem que a gaúcha tem um currículo invejável e é um dos nomes mais importantes do esporte. Nesse século, aliás, talvez seja a principal ginasta que surgiu no Brasil até então.

Sendo assim, veja a seguir um pouco da história da atleta e os títulos que ela acabou conquistado ao longo dos anos. Além disso, veja de que maneiras ela ainda está presente no esporte.

Início da biografia de Daiane dos Santos

A biografia de Daiane dos Santos começa em 10 de fevereiro de 1983, dia de nascimento da atleta em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Filha de Moacir dos Santos e Magda Garcia dos Santos, começou a praticar ginástica aos 11 anos de idade na AACETE (Associação dos Amigos do Centro Estadual de Treinamento Esportivo) e, posteriormente, no Grêmio Náutico da União. Sua professora, Cleusa de Paula, a descobriu enquanto Daiane brincava em uma praça de sua cidade natal.

Por mais que possa parecer precoce, Daiane dos Santos iniciou tardiamente no esporte, afinal, a maioria das garotas começa a prática com 6 e 7 anos. Isso, todavia, não fez com que ela deixasse de ser bem-sucedida.

Começo da carreira profissional

As primeiras grandes conquistas que é possível listar na biografia de Daiane dos Santos foram nos Jogos Sul-americanos, em 1998, em Cuenca, no Equador. Nesse período, a atleta tinha 15 anos e conquistou nada menos que três medalhas: uma de bronze na prova solo e duas de ouro nas provas de salto e de equipe.

A boa fase da atleta não ia parar por aí. No ano seguinte, em Winpeng (Canadá), durante os Jogos Pan-Americanos realizados no Canadá, a atleta iria continuar seu salto meteórico. Foram nada três medalhas conquistadas enquanto ainda tinha 16 anos: duas de bronze nos torneios solo e por equipes e uma de prata na etapa de na etapa de salto sobre cavalos.

Essas performances já colocavam a biografia de Daiane dos Santos em um patamar único entre os atletas do Brasil. Além disso, tornavam a atleta um dos nomes mais promissores em toda a modalidade.

Anos 2000

Após ter tido uma rápida ascensão, o auge da biografia de Daiane dos Santos é, sem dúvidas, o início dos anos 2000.

Em 2001, no Campeonato Pan-Americano em Cancún, no México, a esportista colecionou mais uma trinca de medalhas para a coleção: uma de bronze, uma de prata e uma de ouro. A medalha de terceiro lugar veio na prova de salto, a de segundo aconteceu durante o torneio em equipe e, por fim, a de primeiro lugar foi obtida no solo. Aliás, foi também no solo em que ela de quebra ganhou medalha de prata nas Universíadas em Berlin no mesmo ano.

2003: o ano mais importante da biografia de Daiane dos Santos

O principal período da sua carreira, todavia, veio no ano de 2003. Tudo começou em Santo Domingo, nos Jogos Pan-Americanos da República Dominicana, quando conquistou mais uma medalha de bronze na prova de equipe.

Isso seria um prelúdio para o que viria a acontecer nos Estados Unidos em Anaheim meses depois. Durante a prova solo, Daiane fez a marca de 9.737 pontos na final e conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil em Campeonatos Mundiais de Ginástica Artística. A brasileira ficou na frente da espanhola Elena Gomez e da romena Cătălina Ponor. Esse momento foi um dos mais marcantes em toda a história do esporte no país e é relembrado até os dias atuais. Sendo também o início da rivalidade que a atleta teria com Cătălina nos anos por vir.

Por fim, vale mencionar que Daiane também receberia sua primeira medalha em uma Copa do Mundo. Em Stuttgart, na Alemanha, a atleta conquistou um ouro em outra prova solo e deu início a uma longa sequência de conquistas no evento.

Copas do Mundo

Como dito antes, a biografia de Daiane dos Santos em Copas do Mundo começa em 2003. Esse é o evento no qual a brasileira mais teve conquistas em todos os seus anos no esporte. Ao todo, foram 14 medalhas. Das 14 medalhas, 13 delas foram na prova solo e apenas uma foi na barra assimétrica. 13 delas eram de ouro.

Ademais, vale destacar que a rivalidade com a atleta romena Cătălina Ponor chegou ao seu máximo nesse período. Ambas foram extremamente vencedoras e dominavam grande parte dos eventos.

Caso de Doping e Suspensão

Em 2009, a biografia de Daiane dos Santos teve o ponto mais baixo em toda a trajetória até então.

A atleta foi pega em um exame antidoping realizado por fora de eventos de ginástica. Ela testou positivo para uma substância denominada furosemida, que serve como diurético e é proibida pela Wada (Agência Mundial Antidoping) por esconder a ingestão de estimulantes e esteróides.

O caso aconteceu enquanto Daiane tinha sofrido uma grave lesão no joelho. Ela, aliás, estava se recuperando da cirurgia quando foi informada da decisão. Segundo a própria ginasta esse foi o pior momento que passou em toda a sua vida, já que corria sério risco de não poder competir profissionalmente por um período de dois anos. Vale destacar que nesse período outros 22 atletas brasileiros foram pegos no exame antidoping em 2009, algo que preocupou seriamente as confederações brasileiras, que buscavam ao máximo ser competitivas para as Olimpíadas de 2016

No entanto, felizmente, dos males aconteceu o melhor e, com isso, a atleta ficou fora apenas por cinco meses de competições internacionais. Isso possibilitou que ela disputasse as Olimpíadas de 2012, já que sua punição era menor que seis meses.

Olimpíadas e legado da biografia de Daiane dos Santos

A grande conquista que faltou em toda a trajetória de Daiane foi uma medalha olímpica. Embora tenha participado de quatro competições, o máximo que consegui foi um quinto lugar no solo em Atenas, 2004. Em todos os anos no qual esteve presente em torneios olímpicos era uma das favoritas para vencer e, por mínimos detalhes, acabou não chegando a fazer parte do pódio.

Todavia, isso de forma alguma diminui os feitos da atleta ou coloca ela em um patamar abaixo. Afinal, foi por meio de Daiane dos Santos que a ginástica artística no Brasil tomou forma e passou a ser bem mais competitiva. A atleta deu espaço para que outras ginastas jovens atualmente como Rebeca Andrade e Flávia Saraiva pudessem fazer sucesso. Pode-se dizer, entre outras palavras, que Daiane dos Santos andou para que as outras duas pudessem pular.

Inclusive, durante as Olimpíadas de 2020, em uma das conquistas de Rebeca, Daiane se emocionou ao vivo com a jovem ginasta. Ela comentou sobre o quanto estava feliz com o título da compatriota e reforçou a importância que a medalha tinha para combater questões raciais, algo que Daiane fez durante toda sua vida.

Combate ao racismo e projetos sociais

Falando em racismo, Daina diz ter sofrido bastante com esse problema enquanto estava ativa. Em entrevista feita à revista Marie Claire, chegou a comentar sobre o assunto: “Acho que não existe uma pessoa preta que não tenha sofrido racismo na vida. O que acontece é que muitas pessoas não entendem o que estão passando, não sabem diagnosticar. No meu caso, sempre foi tudo muito sutil: um olhar diferente, um tratamento diferente. Uma levantada de voz”, comenta.

Ainda segundo ela, houve casos nos clubes em que sequer queriam compartilhar o banheiro com ela. Algo que a incomodava, já que dava a impressão de que, por ser de origem humilde, não era bem-vinda nos locais.

Vale também destacar que, atualmente, a ex-ginasta coordena um projeto social chamado “Brasileirinhas”, com origem em Paraisópolis (São Paulo). Nele, são fornecidas aulas de ginástica artística dentro dos CEUs (Centro Educacional Unificado). Outros centros, como o de Aricanduva, estão espalhados ao redor do Estado e a intenção de Daiane é expandi-los ainda mais. Dessa forma, jovens da periferia podem escapar da marginalização pelo esporte. E, ainda por cima, é uma oportunidade que podem ter de serem atletas de alto nível no futuro.

Aposentadoria e participações na televisão

O último capítulo da biografia de Daiane dos Santos foi nas Olimpíadas de Londres, em 2012, quando a atleta encerrou o torneio com a décima-sétima posição no solo. Ela detectou uma nova lesão no joelho após o evento e, depois de perceber que ia ter de passar por outra cirurgia, decidiu encerrar a carreira.

No entanto, como foi citado, ela ainda participa ativamente do esporte e, além de projetos sociais, já chegou a comentar provas de ginástica no SporTV durante as Olimpíadas. Isso demonstra o comprometimento que Daiane possui em desenvolver a modalidade e mostra que, das grandes figuras esportivas do país, é uma das que mais é ativa e usa seu nome para boas causas.

Ainda por cima, por curiosidade, é preciso mencionar que Daiane já participou de uma edição do programa Dança dos Famosos da Rede Globo. Além disso, apareceu até mesmo em episódios do The Maked Singer, show comandado por Ivete Sangalo.