No dia 16 de maio de 2024, uma quinta-feira, aconteceu a morte de um dos narradores mais icônicos do futebol brasileiro, Silvio Luiz.
A propósito, o jornalista faleceu aos 89 anos de idade.
Silvio Luiz foi para o hospital após ter um derrame durante a transmissão da final do Campeonato Paulista entre Palmeiras x Santos pela transmissão online da Record.
Ainda, de acordo com um comunicado dos diretores do Hospital Oswaldo Cruz, a morte do narrador aconteceu às 9h40 (de Brasília) por consequência de falência múltipla de órgãos.
Quem foi Silvio Luiz
Silvio Luiz, nascido Silvio Luiz Perez Machado de Sousa em 14 de julho de 1934, em São Paulo, foi um grande jornalista esportivo e um dos maiores narradores do Brasil.
Ainda, é conhecido principalmente por seu trabalho como narrador de futebol onde se destacou por seu estilo irreverente e grandes bordões que caíram no gosto das pessoas.
Silvio Luiz foi um paulistano de ascendência espanhola e uma figura emblemática no jornalismo esportivo brasileiro.
A propósito, é filho de Dona Elizabeth Darcy, uma das primeiras vozes femininas do rádio brasileiro.
Portanto, ele cresceu imerso no meio da comunicação, recebendo sua primeira oportunidade no rádio em 1952, atuando em uma radionovela na extinta Rádio São Paulo.
Contudo, o garoto mal sabia que iria brilhar utilizando sua voz para descrever partidas de futebol na rádio e televisão, e não atuando.
Começo da trajetória de Silvio Luiz no jornalismo esportivo
A primeira experiência de Silvio Luiz no jornalismo esportivo aconteceu na TV Paulista em 1952, onde deu seus primeiros passos como repórter de campo.
Em 1971, aos 27 anos, Sílvio Luiz recebeu a oportunidade que mudaria sua vida: ser narrador de futebol na Record.
Assim sendo, seu estilo irreverente e repleto de bordões o consagrou como uma figura única no meio do futebol.
Ainda, criou uma narrativa que ia além do simples relato visual, incorporando elementos do cotidiano brasileiro.
Silvio Luiz começou a expandir seus talentos em 1987, quando se juntou à equipe do também narrador Luciano do Valle na TV Bandeirantes.
Por lá, realizou a narração das Copas do Mundo de 1990 e 1994, e dos Jogos Olímpicos de Seul, em 88, e Barcelona, em 92. Além disso, ajudou a popularização do futebol internacional no Brasil ao narrar jogos de ligas estrangeiras.
Narrador e árbitro de futebol
Além de sua atuação como narrador, Silvio Luiz também se aventurou como árbitro de futebol nas décadas de 1960 e 1970.
Entretanto, o que era pra ser uma grande reportagem sobre esquemas de resultados acabou virando um hobby para o jornalista.
No fim das contas, a ideia da reportagem foi jogada para escanteio. Ou seja, totalmente descartada.
Contudo, o comunicador acabou descobrindo um hobby no apito e passou a ser juiz de futebol aos finais de semana.
Último trabalho de Silvio Luiz como locutor
Como mencionado anteriormente, Silvio Luiz estava trabalhando como locutor quando passou mal antes de ser internado.
Inesperadamente, seu último trabalho como locutor foi justamente no campeonato paulista de 2024 pela emissora que abriu as portas a ele em 71, a Record.
Ele fazia parte da transmissão online da emissora que era uma opção cheia de humor para os telespectadores.
Além disso, Carioca e Bola eram os comentaristas ao lado de Silvio. A propósito, as transmissões eram bastante diferentes das tradicionais.
O último gol narrado de Silvio Luiz
Um último gol narrado que foi digno de Silvio Luiz.
Afinal, a última vez que o narrador descreveu um gol de sua maneira irreverente foi justamente quando Aníbal Moreno garantiu o título do Palmeiras de campeão paulista.
Portanto, o destino quis que o último gol do “homem que não gritava gol” fosse um tento que valeu o troféu de uma competição. Melhor que um gol, só um gol de título!
Para qual time torcia Silvio Luiz
Apesar de nunca ter dito publicamente e de sempre se esquivar do assunto, o time do narrador foi revelado por um colega de profissão.
A princípio, Carioca afirmou durante um podcast especial em homenagem ao colega de transmissão que Silvio tinha dois times.
Em entrevista, ele afirmou que o locutor sempre foi torcedor do São Paulo. Porém, nos últimos anos, a paixão pelo Botafogo havia florescido nele.
Bordões de Silvio Luiz
O locutor Silvio Luiz foi um grande criador de bordões que transcenderam a barreira do esporte e até hoje são utilizados no dia-a-dia de muitos brasileiros.
“Pelas barbas do profeta”
Pelas barbas do profeta era um bordão que vinha acompanhado de um tom debochado do narrador.
Afinal, ele era utilizado quando algum jogador cometia um erro, por exemplo: errar um chute e isolar a bola para longe era sinônimo de: pelas barbas do profeta.
“Foi, foi, foi ele…”
Um grande diferencial de Silvio Luiz era a capacidade de narrar um gol sem gritar gol. O locutor nunca soltou o famoso grito para relatar o momento máximo do futebol.
Ao invés disso, ele utilizava um de seus bordões mais famosos: “foi, foi, foi ele [nome do jogador], o craque da camisa [número da camisa do jogador].
“Confira comigo no replay”
Sempre que a transmissão mostrava o replay do gol, ele vinha junto com a voz do narrador que trazia mais um bordão: “confira comigo no replay”.
“Olho no lance”
Um bordão de Silvio Luiz que representa um momento de expectativa no futebol. Portanto, “olho no lance” era utilizado momentos antes de um chute ao gol.
Além disso, caso a bola fosse parar dentro da rede, o bordão seria seguido do “foi, foi, foi ele”. Assim, era bastante comum a combinação dos bordões em um só.
“Pelo amor dos meus filhinhos”
Tinha a mesma função expressiva do “pelas barbas do profeta”. Assim sendo, a frase representava um gol incrivelmente perdido, ou um erro grosseiro durante a partida.
“Olha o bambu!”
E o bambu? Para Silvio Luiz, ele era utilizado como um bordão que descrevia os momentos que antecedem um chute ou uma cobrança de falta em direção ao gol
“Vai mandar lá no meio do pagode”
Vai mandar lá no meio do pagode é sinônimo de lançar uma bola para dentro da área, um cruzamento ou cobrança de escanteio e falta.
“Agora é fechar o caixão e beijar a viúva”
Essa expressão era utilizada quando um jogo estava praticamente ganho por um dos times, um placar irreversível.
Foto: Reprodução/Antônio Chahestian/Record